sábado, 30 de maio de 2009

Estudos da Esalq sobre irrigação visam usar menos água com eficiência produtiva



Uma série de pesquisas desenvolvidas na Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, busca utilizar menos água e obter a mesma eficiência produtiva em técnicas de irrigação. “Os métodos que consomem mais água no meio agrícola estão sendo substituídos gradativamente por métodos que consomem menos água, o que mostra uma significativa conscientização por parte de produtores e da comunidade científica”, comenta o professor Tarlei Arriel Botrel, do departamento de Engenharia Rural (LER) da Esalq.

Botrel é coordenador do Programa de Pós-Graduação em Irrigação e Drenagem da Esalq. O maior desafio dos pós-graduandos é encontrar novos métodos de irrigação utilizando microtubos, material feito de polipropileno que varia de 0,6mm a 1,5mm de diâmetro interno.

Na microirrigação ou irrigação localizada, existe o sistema por microaspersão e por gotejamento. Na microaspersão, a vantagem é que se consegue atender as necessidades hídricas das plantas, tanto nos solos argilosos como nos arenosos. A água é lançada sob a copa das plantas, mas para compensar a irregularidade de pressão ao longo da tubulação, até chegar a cada planta, os pesquisadores da Esalq construíram um sistema de microaspersão com microtubos. “O microtubo é um emissor simples, de baixo custo, com o grande benefício de melhor adaptação em condições de topografias onduladas e montanhosas”, lembra Ceres Duarte Guedes Cabral de Almeida, que em seu doutorado abordou essa questão e fora premiada, na categoria Agronegócio, na Olimpíada USP de Inovação em 2008.

Vazão constante
Outro desafio vencido foi garantir a vazão constante de água ao longo dos tubos, de modo que toda a área de raízes receba a quantidade ideal de água. “Quando a irrigação não é homogênea, há perda de água ou queda na produtividade”, lembra Botrel.

“Temos no mercado vários sistemas disponíveis, como o gotejador autocompensante, que apresenta uma membrana de silicone para controlar a liberação de água de modo homogêneo. Esse dispositivo, embora eficiente, apresenta as desvantagens de encarecer o emissor e de sofrer fadiga, perdendo qualidade com o tempo de uso”, afirma Alexsandro Claudio dos Santos Almeida, pós-graduando que investigou a aplicação dos microtubos para hortas agrícolas.

As pesquisas partem do princípio da variação do comprimento dos tubos ao longo da matriz, sendo que os primeiros são mais compridos, o que garante uma vazão homogênea, uma vez que a queda de pressão ao longo do percurso é compensada pela variação no comprimento. Está garantido assim o mesmo efeito de um equipamento autocompensante, sendo ofertado por um sistema mais barato (atualmente o custo por hectare da irrigação localizada gira em torno de R$3 mil a R$4 mil), que não sofre ataque químico e apresenta uma durabilidade estendida.

Os resultados obtidos em laboratório atendem ao conceito da irrigação de precisão. A premissa considera que cada planta se desenvolve de maneira particular, processo atrelado a fatores como clima, solo e variabilidade genética, por exemplo. Então é feita uma análise da planta em questão e fica estabelecida a demanda hídrica, atendendo a ela especificamente. A variação topográfica também deixa de ser um problema a partir da definição de comprimentos dos microtubos que estejam adequados às ondulações do terreno. “Inovamos sob dois enfoques: permitir a mesma vazão, independente da variação da pressão, e variar a vazão de modo controlado, possibilitando assim irrigação de precisão”, finaliza Botrel.

Fonte: Agência USP de Notícias

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