Postado em 28/10/2009 09:21 - Jozailto Lima - Jornal Cinform
Na eleição municipal de Aracaju de 2008 o professor Anderson Góis não teve como passar despercebido com seu desempenho. Aos 29 anos à época, enfrentando a sua primeira disputa, saiu do pleito com 14.886 votos – ou 4,92% dos válidos. Claro que passou longe de se fazer prefeito pelo PCB, mas se sentiu coroado ao contabilizar 10% dos 140.962 votos obtidos pelo candidato Edvaldo Nogueira, PC do B, o eleito logo ali no primeiro turno. Foi o penúltimo, perdendo para estruturas como as de Mendonça Prado e de Almeida Lima, lideranças estribadas na tradição do DEM e do PMDB, respectivamente. E bateu em Vera Lúcia Ferreira (9.143 votos, ou 3,02% dos válidos), do PSTU, com ‘toda’ a sua estrutura sindical e meia dúzia de eleições anteriores.
Anderson Góis gostou da brincadeira séria do ano passado e está preparando as armas para a guerra de 2010: quer disputar a eleição de governador e desarranjar as tradições, que hoje ele vê representadas em Marcelo Déda, PT, e muito mais em João Alves Filho, DEM. Mas que serventia terá o seu espólio de 2008? Anderson sabe pouco sobre isto, mas não se subestima. Imagina que aquele primeiro teste lhe deu régua e compasso para o enfretamento maior. Em maio deste ano ele deu um passo que promete lhe beneficiar lá na frente, ao trocar o PCB pelo PV, e quase seis meses depois se viu correligionário de Marina Silva, a ex-ministra do Meio Ambiente do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que deixou o PT desiludida com a falta de política e de sensibilidade do Governo Federal para com esta causa, e vai disputar a Presidência. “Meu compromisso é fazer um palanque forte para Marina em Sergipe e, naturalmente, tirarei proveito do desempenho dela”, diz Anderson.
O militante verde acha que pode fazer bonito. “Se eu conseguir em 2010 no plano estadual o que consegui em 2008 no municipal de Aracaju, terei feito um grande trabalho. Mas não é só com isso que conto. Conto, inclusive, com a possibilidade real de me fazer governador”, diz Anderson. Complicado, mas ele tem o direito de sonhar. Para Anderson, numa leitura histórica de 64 a 2006, Sergipe não conseguiu construir ‘lideranças natas e estruturantes’ que fizessem frente à renovação mais à esquerda que o Estado exige. Ele tem dificuldade de dar este crédito até a Déda, que foi o único a romper as barreiras e se impor no contexto. “Déda o fez, mas muito mitigado. Misturado à tradição. Mesmo que eu não me eleja, mas se eu conseguir manter meus 5% ou chegar a 10% entre Déda e João, eu serei um referencial para 2012 em Aracaju”, projeta.
Para isso, o pré-candidato do PV aposta que vai se beneficiar do palanque Marina. “Acho que ela chega ao segundo turno. A imagem dela é muito equilibrada no mundo, no Brasil e vai refletir bem em Sergipe. Outro aspecto que me beneficia é o crescimento do PV no Estado. Já fui a 34 diretórios dos 58 organizados do Estado e em nenhum deles houve rejeição ao meu nome. Mas até dezembro deste ano quero ter ido aos 75 municípios e apresentarei isso como um portfólio a Marina”, diz.
Segundo Anderson, algumas pessoas tentam lhe intimidar, comparando as diferenças de fazer uma campanha para o Governo do Estado com uma para a Prefeitura de Aracaju. “Não me intimido com isso. Preparei-me bastante. Estou estudando com muito empenho”, diz. O foco são biografias de grandes políticos brasileiros, como Getúlio Vargas ou JK, ou internacionais, como a do primeiro-ministro inglês Winston Churchill ou do ex-presidente americano Bill Clinton. “Déda zomba ao dizer que os votos em mim foram de protestos. Vou mostrar a ele que não foram. Sei que não tenho grande estrutura, mas atuarei mais ou menos como a síntese do que diziam Glauber Rocha e os adeptos do cinema novo: com um carro de som na mão e uma ideia na cabeça. Vou conhecer o Estado e suas complicações. Vou com um projeto em favor de Sergipe e contra o atraso que representam Déda e João”.
Fonte: Jornal Cinform
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