“O mundo tem menos de uma década para mudar o seu rumo. Não há assunto que mereça atenção mais urgente – nem ação mais imediata” (PNUD – ONU)
O alerta do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (Pnud), em seu Relatório de Desenvolvimento Humano 2007/2008, enfatiza o imediatismo com que as ações de enfrentamento das mudanças do clima devem ser tomadas. O documento destaca, ainda, a vulnerabilidade das populações mais pobres, quando afirma que testemunhamos, em primeira mão, o que pode ser o início do maior retrocesso em desenvolvimento humano.
A urgência com que a questão climática se apresenta traz à tona o debate sobre o modelo de desenvolvimento trilhado pela humanidade desde antes da Revolução Industrial e desafia nossa capacidade de “re-inventar a roda”. As mudanças climáticas são um tema que extrapola os muros da ciência ou os interesses de grupos e que já produzem alterações na política, na economia e na vida cotidiana das pessoas (onde mais claramente os impactos já vêm sendo percebidos).
O PAPEL DO JORNALISMO
Por que o jornalismo deve ser considerado um ator central nos esforços globais para o enfrentamento dos desafios postos pela agenda das mudanças climáticas? As discussões que derivam desse questionamento foram fundamentais para a decisão da ANDI e da Embaixada Britânica de produzir um portal que tem como público-alvo prioritário os jornalistas.
São estas algumas das considerações essenciais sobre a relação mídia-mudanças climáticas:
O tema mudanças climáticas se configura como uma questão da mais alta relevância para as sociedades contemporâneas.
Exatamente por isso, é tema a ser agendado de forma prioritária entre a população em geral e, sobretudo, entre os chamados tomadores de decisão e formadores de opinião.
Dada a relevância da questão, a necessidade de produção e disseminação de “informação contextualizada” é requisito inadiável.
Porque nascem e nascerão políticas públicas (específicas e transversais) derivadas do desafio da humanidade frente às mudanças climáticas, deve a imprensa estar disposta e capacitada para uma adequada cobertura dos debates e das decisões que levarão à formulação das políticas, e ainda mais para a cobertura das implementações dessas mesmas políticas e seus efeitos.
Em eventuais cenários de conflito e escassez (nos níveis local, regional ou global), podem estar ameaçadas as garantias de acesso à informação e à liberdade de expressão pública de dados, fatos, idéias, críticas e propostas. O jornalismo de qualidade – plural, independente, crítico e responsável – é peça fundamental para a boa governança e para a transparência nas sociedades democráticas, especialmente em momentos de extrema polarização de interesses, conhecimentos e práticas.
O jornalismo tem como funções fundamentais, exatamente:
a. agendar os temas prioritários para as democracias contemporâneas;
b. prover informação contextualizada sobre esses mesmos temas;
c. atuar como fiscal ( "cão de guarda” ou watchdog, para usar expressão anglo-saxônica) dos formuladores e executores de políticas públicas, colaborando para elevar o nível público de transparência (accountability) dos mesmos.
Assim, as três importantes funções da mídia noticiosa nas sociedades democráticas – agendamento; informação contextualizada; e fiscalização das políticas públicas – constituem os fios condutores da relação mídia e mudanças climáticas, ao longo das reflexões que serão traçadas neste portal. Na prática, isso significa que buscamos organizar nossas recomendações à imprensa a partir da idéia central que subsiste por trás de tais características do jornalismo.
Fonte: Mudanças Climáticas
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