segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Aracaju: um deserto urbano

Aracaju ainda está longe de ser uma cidade arborizada, prova disso é que a Universidade Federal Sergipe realizou um estudo que mostra que o índice de área verde pública por habitante é 22 vezes menor do que o adequado. O resultado do estudo coordenado pela professora do Departamento de Geografia Rosemeri Melo e Souza mostrou que o índice de área verde pública por habitante (IAPV/hab) na capital sergipana chega a apenas 0,66 m² sendo que o ideal apontado pela Sociedade Brasileira de Arborização Urbana e pela Organização Mundial de Saúde é de 15 m². Para se ter uma ideia de como estamos distantes do ideal a cidade de Goiânia tem 94 m² de área verde por habitante, um recorde nacional.

Os benefícios da arborização de uma área urbana vão desde o sombreamento dos espaços, tornando-os mais agradáveis, passando pela purificação do ar até o amortecimento de sons, o que melhora e muito a qualidade de vida do cidadão.

O estudo mostrou ainda que em um único bairro, o Centro, foi registrada a presença de 444 árvores – mais do que toda a Zona Norte. A distribuição desses espaços, no entanto, trouxe a conclusão mais reveladora: a Zona Sul concentra 1.761 árvores ao passo que a Norte apenas 442, uma diferença de 75%.
O trabalho contabilizou 2.647 árvores. Deste total, 58% correspondem ao mata-fome (pithecelobium glaziovvi), a amendoeira (terminalia cattapa) e o oiti (licania tomentosa).

O estudo realizado pela UFS deixa claro que há um déficit de arborização em nossa cidade e que precisamos construir uma política adequada o mais rápido possível.

E um projeto de arborização tem que possuir dois pólos básicos: o primeiro é melhorar a qualidade de vida da população de uma área urbana, tornando a cidade mais bonita e agradável; o segundo é melhorar o meio ambiente, ajudando, a médio e longo prazo, a reduzir o aquecimento global e a destruição da camada de ozônio já que as árvores têm o poder de adsorver e filtrar os gases emitidos. É de extrema importância observar que além de contribuir na melhoria da climatização (com alterações de até 4°C), um local rico em vegetação proporciona outras importantes vantagens: a infiltração de águas pluviais e a constante renovação e purificação do ar. Isso, sem contar com a redução da poluição sonora e o aumento da durabilidade do asfalto.

No caso do ambiente urbano, verifica-se que o acelerado crescimento demográfico, conjugado a outras variáveis do espaço urbano, contribuem de forma significativa nas alterações dos elementos climáticos. A cidade imprime modificações nos parâmetros de superfície e da atmosfera que, por sua vez, conduzem a uma alteração no balanço de energia.

Todos os elementos paisagísticos devem ser cuidadosamente tratados a fim de trazer benefícios que interfiram no projeto integrado, visando a melhoria da qualidade do ar, o sombreamento da edificação e adjacências, o controle da ventilação e da umidade. A maior parte da carga térmica de uma edificação provém da radiação solar e da temperatura do ar exterior, sendo necessário um rigoroso controle dos elementos microclimáticos para eliminar um excesso de energia que tornaria inóspito o ambiente construído.

As áreas urbanas constituem um ambiente artificial, pois possuem grande concentração de áreas construídas e pavimentadas que favorecem a absorção da radiação solar de dia e reflexão durante a noite. Denominado ilha de calor, este fenômeno pode ter um diferencial térmico bastante significativo em relação a locais mais vegetados. As árvores interceptam, refletem, absorvem e transmitem a radiação solar. Uma adequada arborização e uma boa ventilação constituem dois elementos fundamentais para a obtenção do conforto térmico para o clima tropical úmido. O conjunto arbóreo colocado a uma distância mais apropriada possível da edificação fornecerá um bom sombreamento nas fachadas, compondo um entorno mais favorável.

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