segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Emissões de CO2 batem recorde em 2010

As emissões globais de gás carbônico bateram seu recorde histórico em 2010, crescendo 5,9% em relação ao ano anterior. A disparada se deve à recuperação rápida da economia mundial após a crise de 2008/2009, especialmente nos países em desenvolvimento.

Segundo estudo do Centro Internacional de Pesquisa Climática e Ambiental, em Oslo, o mundo emitiu num único ano 9,1 bilhões de toneladas de carbono, ou 32 bilhões de toneladas de CO2, somente por queima de combustíveis fósseis e produção de cimento.

"Este é o maior crescimento total já registrado, e a maior taxa de crescimento desde 2003", afirma o estudo, dizendo ainda que o pico nas emissões mais do que compensou a queda de 1,4% devida à crise econômica em 2009.

A cifra tende a não se repetir no ano que vem, mas os autores do estudo temem que ela signifique um novo patamar no crescimento anual das emissões de CO2. Isso deve colocar o mundo ainda mais longe do rumo de evitar que o aquecimento global neste século ultrapasse a perigosa marca dos 2°C em relação à era pré-industrial.

Em seu artigo no periódico "Nature Climate Change", o grupo de pesquisadores liderados por Glen Peters aponta três fatores principais para a explosão das emissões: o reaquecimento da economia, maior nos países em desenvolvimento; a retomada das emissões nos países desenvolvidos; e a reversão da tendência de redução da intensidade de carbono (ou seja, o total emitido por dólar gerado) no PIB mundial, vista com a aceleração do setor de serviços a partir dos anos 1990.

"A crise financeira global foi uma oportunidade de empurrar a economia para longe de uma trajetória de altas emissões. Nossos resultados não dão nenhuma indicação de que isso esteja acontecendo", afirma o grupo.

O comportamento dos países em desenvolvimento foi crucial para isso. Pacotes de estímulo como o adotado pelo Brasil, aumentando o consumo de carros e eletrodomésticos, aliados a uma queda no comércio internacional, fizeram com que o carbono que os países emergentes lançam no ar para alimentar o próprio consumo (em vez de para alimentar o dos países ricos via exportações) tivesse um crescimento maior no lado de cá do mundo do que no hemisfério Norte pela primeira vez na história.

Políticas adotadas pelos países ricos (os mais atingidos pela crise), por sua vez, também contribuíram para a escalada: em vez de iniciar mudanças estruturais na economia, eles passaram a aliviar restrições ao consumo de combustíveis fósseis, como o petróleo extraído das areias betuminosas do Canadá e exportado para os EUA.

Os pacotes de "estímulo verde" à economia aprovados em vários países desenvolvidos e em emergentes como a Coreia do Sul ainda não tiveram efeito nas emissões.

É neste cenário que ministros de 190 países devem decidir nesta semana, na conferência do clima de Durban, África do Sul, se estabelecem um "mapa do caminho" para um acordo global que force ricos e emergentes a cortar suas emissões, a ser forjado nos próximos anos.

Nesta segunda-feira (5), o ministro da Economia da Polônia, Marcin Korolec, admitiu que existe um "hiato de ambição" nas negociações. A comissária europeia do Clima, Connie Hedegaard, defendeu que o novo acordo entre logo em vigor, fez críticas veladas aos EUA e endureceu a posição europeia de só embarcar numa segunda fase do Protocolo de Kyoto caso um acordo global legalmente vinculante seja delineado até o final desta semana. "Precisamos que nos asseguram que, se construirmos uma ponte para o futuro, os outros seguirão", afirmou.

Fonte: Folha de São Paulo

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