sexta-feira, 11 de março de 2011
Anderson Gois se desfilia do Partido Verde e afirma condição de oposicionista
Passado mais um período eleitoral, quando os ânimos se acirraram a ponto de ofuscar um debate mais aprofundado da política nossa de cada dia – não confundir com os embates político/partidários reducionistas e que grassam a cada eleição fagueiramente como resultado de uma dualidade propositadamente estéril, já que nossos ‘atores’ políticos evitam a todo custo ‘complicar’ discursos por conta das sugestões marqueteiras -, venho a público propor algo que, de tão básico, significativo e necessário, acaba sendo posto em um plano secundário: o imprescindível embate constante entre situação e oposição.
Fiz questão de iniciar essa carta aberta registrando esse preocupante processo de minimização do debate entre opostos por um motivo bem palpável: ainda que a história ensine que são os vencedores que têm a primazia das narrativas posteriores, pontuo que, em minha opinião, fundamentada inclusive na saudável revolução comunicacional que vivemos atualmente, essa sentença está definitivamente fragilizada. Na verdade, ela apenas traduz um desejo tolo de quem está no poder. Afinal, para quem está sentado no ‘trono’, nada mais incômodo do que questionamentos embasados e convincentes. Portanto, ‘a história contada pelos vencedores’, além de ser cruel e desnecessária, impede o desenvolvimento pleno da democracia representativa e participativa.
Sustentado esse argumento objetivo, sei que abro o flanco para comentários obtusos do tipo ‘aí vem o chororô dos derrotados’. E, por conta disso, ofereço imediatamente um antídoto, confirmado pela voz do povo, nas urnas. Considero, sim, a minha trajetória política vencedora, pois participei de dois pleitos angariando a atenção e o respeito da sociedade sergipana unicamente às minhas propostas, visto que são elas o que tenho efetivamente a oferecer. Para quem caminha na política à base de ideias e ideais, são resultados relevantes e que reforçam a minha fé numa crescente qualificação do eleitorado, algo decisivo para a elevação de nível no debate político como um todo.
Fica claro que minha trajetória sempre se pautou por uma atuação francamente oposicionista. Sem sectarismos radicais e intransigentes, tenho percorrido um caminho complexo, difícil, mas muito gratificante, e que tem me permitido abrir canais de diálogo com um amplo espectro ideológico. Não me abstenho de sentar a mesa com representantes situacionistas ou oposicionistas tradicionais. E meus interlocutores, em ambos os casos, vindo a público, podem respaldar algo que considero legítimo: tenho um projeto político que almeja o sucesso, a vitória. Só que não permito que ele se sobreponha ao bem comum.
Mas na política, assim como na vida, a tomada de posição revela muito mais do que a trincheira optada. Revela também essências da personalidade e do caráter de quem assume o posicionamento. Entendo que o atual grupo que se encontra mandatário dos destinos do povo sergipano e aracajuano, conduzido pelo governador Marcelo Deda, possui claros acertos e humanos erros, algo bem compreensível quando avaliado em perspectiva, somando-se os dez anos de administrações sob a mesmíssima condução. Mas, dentre as falhas, existe uma que é imperdoável: a insistência na desqualificação dos opositores, demonizando toda e qualquer manifestação que vise, para além da crítica pela crítica, apontar situações que necessitem de correções de rota ou mesmo uma completa revisão de ações político/administrativas.
Portanto, aproveito essa missiva pública para declarar-me, de forma tranqüila e serena, fundamentada e consciente, uma opção oposicionista para os sergipanos, em especial aos que vivem na nossa capital. Sendo assim, para legitimar o meu discurso oposicionista me desliguei do Partido Verde nesta sexta feira. O PV está, sem discussão interna com a militância, na base governista, ainda que tenha disputado a última eleição nas trincheiras da oposição em uma coligação que teve como majoritário para o governo do estado o ex-governador João Alves Filho.
Sem ódios ou mágoas, ofereço minha voz como veículo para a reverberação dos anseios da nossa sociedade, em especial àqueles que, batidos ou não pelas urnas, não encontram eco nos imensos vales que separam a vida real da ‘realeza palaciana’. E se os berros do comando soam estridentes a ponto de tapar os ouvidos daqueles que no comando estão para os clamores sociais, que as vozes oposicionistas insistam. E isso, que fique claro, sem que seja preciso abandonar o concreto projeto de chegar ao poder pelas mãos do povo. Na verdade, que essa experiência oposicionista sirva para amplificar uma desejável sensibilidade futura, algo que, como se percebe claramente, não aconteceu com os que antes bradavam, mas hoje, poderosos como nunca, propositadamente fingem-se ensurdecidos para essenciais e democráticas discordâncias.
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